Saiu hoje mais um número, o 46 da Folha Paroquial de Urqueira. Entre outros artigos e notícias pertinentes, o Editorial, da autoria do nosso Pároco, P. João Pedro, e um outro tema, são um convite à reflexão, pelo que, com a devida vénia, aqui ficam à vossa disposição.
EDITORIAL
OS ATENTADOS AO EVANGELHO DA VIDA
S. João Paulo II escreveu em
1995 a Carta Encíclica “Evangelho da Vida” sobre o valor e o carácter
inviolável da vida humana. Aqui o Santo Padre, com uma clareza, profundidade e
atualidade extraordinárias, aborda, em quatro capítulos, as atuais ameaças à
vida humana, a mensagem cristã sobre a vida, a Lei Santa de Deus e o que fazer
por uma nova cultura da vida humana. É um texto de leitura obrigatória para
quem deseja imbuir a sociedade e a Igreja dos verdadeiros valores que promovem
o bem integral de cada homem e dos homens todos.
Hoje, no entanto, torna-se
particularmente urgente o anúncio da mensagem cristã acerca da vida humana,
perante a impressionante multiplicação e agravamento das ameaças à vida das
pessoas e dos povos, sobretudo quando ela é débil e indefesa. No nosso país,
surgiu novamente a questão da eutanásia, tendo o presidente da Assembleia da
República recebido, a 26 de Abril, uma petição pública pela despenalização da
eutanásia, matéria que merece uma forte oposição da Igreja Católica. O texto da
petição, dirigido à Assembleia da República e disponível na internet, é o mesmo
do manifesto assinado por mais de cem personalidades da sociedade portuguesa
que defendem esta legalização.
Perante esta questão, os
nossos Bispos previamente divulgaram uma Nota Pastoral do Conselho Permanente
da Conferência Episcopal Portuguesa, a 8 de Março último, intitulada «Eutanásia:
o que está em causa? Contributos para um diálogo sereno e humanizador»,
contendo um importante conjunto de 26 questões em que se questiona o «absurdo»
do «direito» a morrer.
Já na sua assembleia plenária
da Primavera, a Conferência Episcopal (CEP) reforçou esta posição de “total
rejeição” de uma eventual legalização da eutanásia no nosso país. “A Assembleia
reafirmou a total rejeição da eutanásia, que elimina a vida de uma pessoa,
matando-a. A Igreja nunca deixará de defender a vida como bem absoluto para o
homem, rejeitando todas as formas de cultura de morte”, refere o comunicado
final da reunião, que decorreu entre 4 e 7 de abril. O organismo máximo do
episcopado católico em Portugal debateu o tema “a partir da recente nota
pastoral do Conselho Permanente” da CEP, com o contributo de “alguns peritos na
área do direito e da medicina”. Para o episcopado português, é necessário
promover “cada vez mais uma efetiva proximidade junto dos que mais sofrem” e
intensificar “a rede de cuidados paliativos como direito para todos, os quais
servem para ajudar a viver e fomentar a esperança”.
D. Manuel Clemente, presidente
da CEP, lamentou a resposta "muito minoritária" em termos de cuidados
paliativos, face às necessidades do país, sublinhando aos jornalistas que esta
deve ser a "verdadeira frente de combate". Para o cardeal-patriarca,
importa recordar que o direito à vida é "inviolável", também do ponto
de vista constitucional, lamentando que se elimine do "horizonte" a
dimensão de sofrimento. "Nós podemos usar muitos eufemismos, mas [a
eutanásia] trata-se sempre de matar, de eliminar uma vida, mesmo que seja a
pedido", referiu, em conferência de imprensa.
Os atentados à vida, segundo
S. João Paulo II, na Encíclica referida, têm a seguinte causa: “O eclipse do
sentido de Deus e do homem conduz inevitavelmente ao materialismo prático, no
qual prolifera o individualismo, o utilitarismo e o hedonismo (…). Quando o
“único fim que conta é a busca do próprio bem-estar material e a chamada
«qualidade de vida» é interpretada prevalente ou exclusivamente como eficiência
económica, consumismo desenfreado, beleza e prazer da vida física, esquecendo
as dimensões mais profundas da existência, como são as interpessoais,
espirituais e religiosas”, então, “o sofrimento é deplorado, rejeitado como
inútil, ou mesmo combatido como mal a evitar sempre e por todos os modos”
(nº23).
Perante este contexto, não
deixemos de anunciar a verdade do Evangelho e de rezar muito ao Espírito Santo
e pela conversão dos pecadores, como Nossa Senhora nos pediu em Fátima, Ela que
é a medianeira de todas as graças. Pe. João Pedro
PARA PENSAR E MEDITAR
A humanidade precisa muito de
meditação ou reflexão profunda, sob pena de se autodestruir pela técnica sem
ética e pelo progresso sem Deus. A partir de hoje escreveremos pequenos textos
para o convidar a meditar, a si amigo leitor, ajudando-o a cultivar um espírito
forte, alegre e corajoso.
VIVA COM OTIMISMO – Um professor escreveu um belo livro, cujo
título é “A vida tem a cor que você pinta”. Isto é uma grande verdade. A vida
torna-se cinzenta para quem a pinta de cinza, mas torna-se colorida para quem a
pinta com as cores da alegria, do otimismo, da fé em Deus e do amor. Uma vez,
um amigo do grande poeta brasileiro Olavo Bilac abordou-o na rua e disse-lhe: “Bilac,
estou a precisar de vender a minha propriedade, que tu tão bem conheces. Será
que poderias redigir o anúncio para o jornal?” Olavo Bilac pegou num lápis e
papel e escreveu: “Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao
amanhecer no extenso arvoredo, cortado por cristalinas e puras águas de um
lindo ribeiro. A casa, banhada pelo sol nascente, oferece a sombra tranquila
das tardes na varanda”. Alguns meses depois, o poeta encontrou-se com o amigo e
perguntou-lhe se já tinha vendido a propriedade. “Não pensei mais nisso – disse
o homem. Depois de ler o anúncio percebi a maravilha que tinha”. Não se pode
olhar a vida com desânimo e sem esperança; às vezes até com desespero, sem ver
a sua beleza. A vida é um verdadeiro “banquete” cheio de dons para quem sabe
olhá-la com otimismo e fé. Ela é a mais preciosa dádiva que Deus nos deu. Os
físicos modernos, que investigam as galáxias e as estrelas, dizem que a vida e
o mundo foram preparados há biliões de anos para que cada um de nós pudesse existir.
Todo o Universo é a concretização de um plano. Desde o “Big Bang”, há um plano
de amor de Deus; tudo o que existe fora do nada é a concretização de uma ideia,
de um plano amoroso, nada existe por acaso; e a meta de tudo isto é o homem e a
mulher. Tudo milimetricamente detalhado e preparado.
Um famoso bioquímico
americano, Edward Cooklin, após investigar os perfeitíssimos mecanismos da
célula e da Engenharia genética, afirmava que: “A probabilidade da vida ter-se
originado por acaso é comparável à probabilidade de um dicionário completo
resultar da explosão de uma tipografia”. O nosso mundo é maravilhoso; tanto o
microcosmos dos átomos, como o macrocosmos das estrelas revelam a bondade, o
poder e a sabedoria de Deus. Entre a infinita grandeza das galáxias e a
infinita pequenez dos átomos, Deus colocou cada homem como centro e rei do
universo para reinar com sabedoria sobre toda a criação. Assim, a vida precisa
de ser vivida com otimismo, para não se tornar pesada. Temos o grave hábito de
pensar no pior quando estamos numa situação difícil; é preciso desenvolver o
hábito de confiar no bem e esperar pelo melhor. Para algumas pessoas as rosas
têm espinhos, enquanto para outras os espinhos têm rosas. Tudo é uma questão de
como olhar as coisas e os acontecimentos. Os pessimistas acham que o vento
chora, os otimistas dizem que ele canta suavemente. A sabedoria popular diz que
Deus escreve direito por linhas tortas e Ele dá-nos o cobertor conforme o frio.
Há males que Ele permite que nos atinjam para nosso bem. De nada adianta
queixar-se da própria sorte. É melhor acender um fósforo do que maldizer a
escuridão. Não podemos ser precipitados e achar que tudo vai mal.
Dizia a beata Madre Teresa de
Calcutá: “O bem que faço pode ser uma gota no oceano, mas faz falta ao
oceano”
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